Reportagem: Liz Ritter
Tradução: Guto Júnior
Publicado originalmente em 22/11/2022
É uma tarde ensolarada em Beverly Hills e Lauren Graham está pronta para mais um copo de café.
“Por favor, posso pedir um Americano gelado, três doses de espresso com leite de coco, se tiver?” diz educadamente a atriz de 55 anos enquanto se prepara em tempo recorde para nossa sessão de fotos. “Mas tô tranquila com o que tiver; só preciso de mais cafeína!”
Aqui não é a Lanchonete do Luke — o famoso ponto de encontro na super popular Gilmore Girls, onde Graham interpretou Lorelai Gilmore por sete temporadas, seguidas de um revival da Netflix — mas é fácil ver que as linhas entre o trabalho e a vida real não estão totalmente separadas para a adorada atriz. (Ela até retoca a maquiagem com seu batom Mae, apelidado por seu maquiador, por causa de Mae Whitman, que interpretou sua filha em Parenthood por seis temporadas, antes de nos prepararmos para a primeira sessão.)
Agora em novembro, ela lançou Have I Told You This Already?, um livro de ensaios que ela descreve como “cheio de histórias de ‘vida, amor e lições aprendidas como uma atriz em Hollywood’.” Ela também estrela atualmente, ao lado de Josh Duhamel, a segunda temporada de Virando o Jogo dos Campeões, série original do Disney+ da qual ela acrescentou em seu currículo a função de diretora de televisão.
“Eu não tenho habilidades marketeiras, então se eu não estiver fazendo tudo isso, eu fico parada”, compartilha ela, enquanto segue rapidamente para o próximo pensamento (sim, aqueles diálogos rápidos pelos quais sua personagem é conhecida não estão muito longe daquela velocidade). “Acho que talvez eu pudesse estar lecionando… isso sempre foi algo em que pensei na faculdade. Quase consegui um certificado de professora como plano reserva”.
Mas, ela diz, depois de um “plano” focado em atuar — que existe desde o Ensino Médio — o que ela realmente gosta de fazer nos dias de hoje é compartilhar o que aprendeu. “Compartilhar é muito divertido para mim, é por isso que eu estava interessada em dirigir. É muito mais divertido para mim dar dicas a eles e vê-los crescer. Acho que é uma evolução natural. Cheguei em um lugar onde estou olhando para a próxima geração e estou animada por eles. Estou animada com tudo isso.”
Parabéns pelo livro. Qual é o processo para você sentar e escrever? É agradável ou você tem a sensação de fazer um dever de casa?
Nem um, nem outro. Eu tive um longo voo não muito tempo atrás, onde não levei meu notebook porque não tinha onde por. Essa foi, provavelmente, a primeira vez em cinco anos que isso aconteceu. Foi bom, mas senti como se eu estivesse esquecendo de fazer alguma coisa. Toda essa “outra carreira” tem sido ótima, mas significa que às vezes tenho um roteiro pronto, às vezes tenho edições… nunca é apenas o processo de escrita em si. Então, sim, eu diria que parece um bom dever de casa.
Eu tento me enganar para achar isso divertido e, às vezes, você simplesmente vai na onda — essa é a melhor maneira que posso descrever. Às vezes, a ideia e a vontade de trabalhar nisso andam juntas, e isso é muito gostoso. Para mim, é a mesma sensação que tenho entre o ação e o corta. É uma mistura de boa concentração com pegar uma onda.
Sempre dizem para não forçar.
Serv pra tudo — quanto mais atenção você dá, mais atenção você recebe. E quanto mais você abandonar, mais difícil será. Eu literalmente acho que é como ter uma conversa: se você para de falar com seus personagens, eles também param de falar com você.
Ótimo ponto para falar disso. Eu te assisto desde que você estava em Tudo por um Gato e Seinfeld. Eu sei que você teve tantas personagens com as quais muitas pessoas se identificam. Existe alguma personagem com a qual você mais se identifica?
É a Lorelai, com certeza! Gilmore Girls foi um casamento realmente mágico do que eu gosto como atriz. Sou atraída por coisas que são muito verbais e têm uma qualidade quase teatral. Foi assim que comecei quando criança… sendo atraída pela linguagem e por Shakespeare. Minha primeira peça no Ensino Médio tinha aquele tipo de diálogo rápido dos anos 1930. Gosto de pensar que o ponto de vista da Lorelai — em termos de ser uma pessoa muito otimista — é semelhante ao meu. É sempre o melhor.
Tem algum momento de beleza que te marcou ao interpretar a Lorelai?
O estilo da personagem definitivamente voltou. A filha de uma das minhas melhores amigas tem uma jaqueta de veludo com lã por dentro. Eu sei que não é um momento de beleza, mas em termos de coisas retrô, acho que o visual inicial da Lorelai está de volta em grande estilo!
Não há um produto que usei o tempo todo, mas posso falar a época só pela aparência do meu cabelo na série. Em alguns anos, você pode dizer que eu precisava reduzir o tempo na preparação e apenas usar rabo de cavalo. Em outros anos, o cabelo é bem mais elaborado. Isso sempre foi… “o problema” é um termo muito forte, mas é seguro dizer que estávamos sempre tentando encontrar “o cabelo”.
Gilmore Girls começou em 2000, o que parece loucura. Os fãs acham que você devia ficar congelada no tempo?
“Gosto de pensar que o ponto de vista da Lorelai – em termos de ser uma pessoa muito otimista – é semelhante ao meu.”
Acho que sou mais preocupada com isso do que as outras pessoas! Os fãs parecem bem quando os conheço, especialmente as crianças. Eles estão ficando cada vez mais jovens! Eu sempre gosto de dizer: “Isso foi há muito tempo”. É um fenômeno tão estranho, ter algo gravado assim. É realmente congelado no tempo. Eu apenas tento apreciar.
Você morou em todo o mundo quando jovem. Isso moldou a maneira de como você pensa nas coisas em termos de beleza?
Minha mãe morou no Japão a maior parte do tempo. Ela era uma criança missionária. Eu sempre penso em minha mãe e minha avó fazendo “rituais” — elas faziam coisas decorrentes da vida no Japão, especialmente no que se referia à saúde e limpeza. Elas tinham uma casa onde você não usava sapatos dentro e sempre compravam boa comida e produtos naturais.
Eu definitivamente sou atraída por qualquer coisa japonesa; tento ter uma rotina. Acho que é a coisa mais difícil quando você se muda muito e tem empregos diferentes, horários diferentes e climas diferentes. A chave é apenas encontrar algo que funcione e manter isso.
Tem algum produto de beleza que você ama ou algo que você faz para o autocuidado regularmente?
Eu realmente gosto de suar — seja em uma sauna, ou com um cobertor de sauna que uso em Nova Iorque. Gosto de um bom banho. Eu diria, que em se tratanto de skincare, à medida que envelheço, sempre faço alguma coisa. É como uma versão de treino para mim — tudo é bom, seja uma caminhada de 20 minutos ou uma corrida de 6 km. Sinto o mesmo com a minha pele. Tento fazer muitos tratamentos faciais e manter tudo funcionando. Eu faço máscaras, esfoliações. Estou sempre tentando “acordar” um pouco a minha pele. Amo o P50 da Biologique Recherche, Weleda Skin Food, Camellia Rose Elixir da Julie Hewett e o Tatcha Silk Canvas quando estou trabalhando de maquiagem.
Tem alguma coisa que você faz e que as pessoas vão se surpreender ao saber?
Eu faço esses detoxes ridículos de suco de vez em quando. Eles são tão miseráveis e terríveis; Não sei por que os faço. Eu vou a este spa que é só suco. Acho que isso me renova um pouco — mesmo que seja chocante.
Eu sei que te perguntam isso provavelmente o tempo todo, mas Gilmore Girls vai voltar?
Estou planejando ver Amy [Sherman-Palladino], a criadora da série, nas próximas semanas. É sempre divertido pensar e falar sobre isso. Costumava ficar apenas nas conversas, mas, como já fizemos [um revival] antes, sabemos que é possível. Acho que sinto tanta responsabilidade e tanto amor pela história que só gostaria de ter certeza de que é o momento certo.
Como está sua animação com a chegada do Ano Novo?
Não sei onde passarei este ano, mas tem esses encontros — sejam no feriado de Ação de Graças ou no Natal. Simplesmente acho que é uma época realmente adorável para estar perto de amigos e familiares. Amo cozinhar e amo fazer purê de batata. E eu amo o outono — como uma boa garota Gilmore.