Os universos de Gilmore Girls, Maravilhosa Sra. Maisel e Étoile colidiram no sábado (13) durante o PaleyFest LA, que promoveu uma celebração da carreira da criadora Amy Sherman-Palladino.
O evento, batizado de “O Multiverso de Amy Sherman-Palladino”, reuniu Lauren Graham e Kelly Bishop; Rachel Brosnahan, Alex Borstein e Luke Kirby (Maisel); e Charlotte Gainsbourg e Lou de Laâge (da nova série Étoile, que também conta com Kirby). Sherman-Palladino e seu marido/parceiro de roteiro, Daniel Palladino, se juntaram ao elenco no Hollywood Dolby Theatre para uma reflexão de 90 minutos sobre a extensa carreira da roteirista e produtora.
A conversa começou com o passado de Sherman-Palladino como dançarina, seu início na escrita em Roseanne — ela brincou: “Roseanne era uma série extraordinária na época. Primeiro, porque [Roseanne Barr] estava apenas em sua primeira versão de louca; hoje é bem diferente” — e a origem de seu relacionamento pessoal e profissional com Palladino.
A roteirista relembrou o processo de venda de Gilmore Girls, destacando que, na época, estava tentando emplacar outro projeto. “Quando me perguntaram que outras ideias eu tinha, respondi: ‘Tem uma história sobre uma mãe e uma filha que são mais amigas do que mãe e filha.’ Eles disseram: ‘OK, compramos,'” contou, mesmo ela não tendo desenvolvido nada além da premissa básica.
Graham e Bishop também falaram sobre como chegaram à série. O casting de Graham como Lorelai foi complicado porque ela estava em outra produção e parecia indisponível, então Sherman-Palladino evitou conhecê-la inicialmente.
“Eu não queria me apaixonar por ela… Se não pudesse tê-la, não queria saber que ela existia,” explicou a criadora, revelando que acabou se encontrando com Graham e rezou para que seu outro seriado fosse cancelado. Graham contou que, mais tarde, um executivo admitiu que a “trocaram” por outra atriz que a NBC queria na época.
Apesar do sucesso de Gilmore Girls, Sherman-Palladino lembrou os desafios iniciais: “Antes da estreia, o estúdio me ligava toda semana dizendo: ‘A emissora está muito chateada e decepcionada com você e seu trabalho.'” As ligações continuaram até quase o fim da pré-produção, quando ela exigiu que a demitissem ou parassem de ligar. Eles escolheram a segunda opção e enviaram flores após a exibição do piloto.
“Era uma série difícil porque não era uma novelinha adolescente, a especialidade da WB, nem era de gênero, como Buffy,” disse Sherman-Palladino sobre a emissora (que virou CW). “Recebíamos feedbacks tipo: ‘Por que a Rory [de Alexis Bledel] não está transando?’ E eu: ‘Porque ela tá no Ensino Médio, e nem todo mundo faz sexo no banheiro!'” A plateia riu e aplaudiu. “Eram cobranças estranhas, como ‘Por que a Rory não transa mais?’ ou ‘Por que a Lorelai não age mais como mãe?’ Eu respondia: ‘Porque não é esse o ponto da série.'”
Sherman-Palladino zoou o orçamento baixo: “O pessoal de The Drew Carey Show nos mandava água e sobras de comida, e agradecíamos. Não tínhamos dinheiro — por isso fazia a Lauren andar em círculos por Burbank sem parar. A série é em Connecticut, mas filmamos em Burbank, que tem montanhas… deem um jeito!”
Kevin Winter / Getty Images (via THR)
O grupo também comentou o boom de Gilmore Girls na Netflix. Graham disse: “As pessoas me falam: ‘Assisti com minha mãe, irmã, filha; nos ajudou em tempos difíceis.’ É um lugar seguro para curtir algo com quem amam.” Palladino completou: “Muitos mencionam assistir durante recuperações de cirurgias ou câncer. É incrível, pois nunca planejamos isso ao escrever.”
O evento abordou ainda Bunheads (2012), com mensagem em vídeo de Sutton Foster, e Maisel, que deu a Sherman-Palladino seu primeiro orçamento alto. Alex Borstein, vencedora de 22 Emmys, brincou: “Acho que já cheguei ao fim,” ao que Sherman-Palladino retrucou: “Você não vai a lugar nenhum — aposentadoria está descartada.”
Em seguida, Étoile tomou conta do palco, com uma prévia da próxima série do Prime Video, que acompanha os bailarinos e a equipe artística de duas renomadas companhias de balé — uma em Nova York, outra em Paris — enquanto eles embarcam em um plano ambicioso para salvar suas instituições de renome trocando suas estrelas mais talentosas.
“Em geral, escrevemos sobre laços de sangue porque eles proporcionam uma história interminável; aqui não há laços de sangue, trata-se da família dessas companhias de dança coletivas em diferentes cidades”, disse Palladino. “Estávamos realmente interessados em fazer a série sobre os profissionais, sobre os atletas de elite que eles se tornam. Estávamos realmente interessados na dinâmica e na luta para fazer isso, no intercâmbio, nas brincadeiras sexuais”.
Étoile estreia dia 24 de abril.