Escrito por Ken Tucker e publicado originalmente em 24 de abril de 2006.

A criadora de Gilmore Girls, Amy Sherman-Palladino, e seu marido, o roteirista e diretor Daniel Palladino, deixaram a série em 2006. A The WB, emissora que a exibia, — se uniu à UPN para formar a nova rede CW — divulgou um comunicado que dizia, em parte: “Embora estejamos desapontados por Amy Sherman-Palladino e Dan Palladino terem decidido não permanecer na série na próxima temporada… queremos agradecer à Amy por criar e nutrir esta maravilhosa série durante os últimos seis anos e nos presentear com um dos relacionamentos mãe/filha mais memoráveis da história da televisão”.
O jornalista Ken Tucker, da Entertainment Weekly, entrevistou a dupla naquela época, pois queria saber o que realmente estava acontecendo. Então, Amy e Dan revelaram os detalhes:
ENTERTAINMENT WEEKLY: Como foi a última semana para vocês?
AMY: Eu dirigi pela última vez pelo set de Stars Hollow, e eles já estão usando o local para um filme do Eddie Murphy nos próximos meses. Eles mudaram toda a cidade, então foi simbolicamente estranho… Suponho que a Lanchonete do Luke e tudo mais voltarão ao normal quando começarem a filmar a nova temporada de Gilmore em julho.
DAN: Conversamos com o elenco, e foi muito emocionante. Tive que encontrar Lauren Graham [que interpreta Lorelai Gilmore] antes dela viajar para a Virgínia para trabalhar na sequência de Todo Poderoso, e ligamos para Ed Herrmann e Kelly Bishop [que interpretam os pais de Lorelai] porque eles estavam em Nova York. Foi triste, porque nesta temporada, em especial, nos conectamos de um jeito que não havíamos nos anos anteriores.
AMY: Foi como o Actor’s Studio antigo, só que sem o comunismo.
O que vocês queriam que a The WB não estava disposta a oferecer?
AMY: Um cachorrinho.
DAN: Bom, isso e… olha, trabalhamos nos últimos dois anos com contratos anuais, sete dias por semana durante seis anos, e queríamos não uma renovação de dois anos para a série, mas um contrato de dois anos para nós, para que pudéssemos relaxar um pouco e não ficar pensando só em blocos de 300 dias, sempre na dúvida se estaríamos aqui. E não chegamos a um acordo, e também com nosso pedido por mais pessoal, mais roteiristas, um diretor fixo para o [set] para que não precisássemos ir pessoalmente supervisionar os diretores e garantir que os enfeites estivessem na prateleira certa na pousada da Lorelai. Então, na quinta-feira passada, quando vimos que nada disso estava se concretizando, tomamos nossa decisão [de sair].
AMY: Fomos ao estúdio durante o período natalino e dissemos: “É isso que precisamos, vamos conversar agora antes que a temporada acabe e tudo fique caótico com [a atenção de vocês] distraída pelos pilotos do outono”, mas fomos ignorados. Foi como Footloose, quando estão acelerando os tratores, disputando quem é o mais valente. Demorou demais e, antes que todos percebessem, estávamos carregando nossas mesas em um caminhão e deixando o estúdio.
Como vocês imaginavam o final da série se tivessem ficado mais uma temporada?
AMY: Quanto à série terminar na próxima temporada, isso não é real — eles têm uma nova emissora, vão precisar de conteúdo, e essa série tem um desempenho ótimo. Por que não continuar, com seu público cativo? Executivos vivem dizendo “esta será a última temporada” desde a 4ª temporada… Nós tínhamos uma ideia muito específica de como queríamos que a série terminasse, e há inúmeras formas de chegar lá, que poderiam acomodar mais algumas temporadas.
Qual era esse final?
AMY: Não posso contar! Não seria justo com as pessoas que assumirão a série agora. Não significa que nosso jeito era o certo, era só meu jeito, e é sempre o que prefiro: meu jeito. [Risos] Então agora será o jeito de outra pessoa.
DAN: Vai terminar com aqueles cilindros explodindo e o Jack Bauer entrando com uma arma.
AMY: Ah, adoro o Jack Bauer — acho que ele seria ótimo para a Lorelai, imagina ele sentado naquela mesa de jantar chique na mansão dos Gilmore!
DAN: Sabe de uma coisa? Sempre escrevemos a série de modo que, quando uma temporada acabava e nos diziam que seria a última, garantíamos que houvesse coisas suficientes em aberto para que eles tivessem que renovar.
AMY: É nosso problema com autoridade. Se dissessem que não seria o último ano, aí sim garantiríamos que fosse.
DAN: Faríamos nossa própria versão de “Springtime for Hitler”.
E o fato de Lauren Graham e Alexis Bledel (Rory) estarem contratadas apenas por mais um ano — como isso influenciou seus planos de longo prazo?
AMY: Acho que poderiam negociar mais uma temporada com as garotas se fizessem a proposta certa. Porque Lauren e Alexis podem fazer os filmes que quiserem durante nosso calendário de produção — nós ajustávamos tudo para elas. Somos uma equipe muito unida, mais até do que em anos anteriores; estamos muito sintonizados.
Então, o que vem pela frente?
AMY: Alcoolismo extremo. [Risos] Ambos temos livros que foram escolhidos para projetos cinematográficos. Estamos conversando com a MTV sobre uma série com o [produtor] RJ Cutler — não é um reality show, é outra coisa, uma ótima ideia. Na verdade, vamos nos reunir com a MTV esta semana para discutir isso.
Qual é o legado de Gilmore Girls para vocês?
AMY: Criamos um universo alternativo em que adorávamos viver, e amávamos ver o público imerso nele. Fiz tudo que quis fazer, sinceramente — foi um presente de Deus. E olha, drama familiar bagunçado: isso é uma mina de ouro; os problemas nunca se resolvem. Há uma riqueza no conflito, no amor e no estresse que cria ótimas experiências.