por Erin Spencer Sairam, publicado em 30/07/2025

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A atriz Kelly Bishop não entende as pessoas que querem se aposentar. Apenas este ano, ela participou como convidada em três episódios da série Étoile, do Prime Video. Agora, seis décadas em sua carreira, a bailarina que se tornou vencedora do Tony — e depois estrela de cinema e televisão — está longe de pensar em desacelerar.
“Fico perplexa com pessoas que chegam aos 60 anos e só pensam em aposentadoria. Talvez você goste de jogar golfe, e agora tem o pickleball, mas e depois?” diz Bishop. “Não, eu vou trabalhar até o dia em que morrer.”

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Cada década do início da carreira de Bishop foi marcada por um novo marco, uma reinvenção impulsionada pela perseverança. No final da adolescência, a bailarina de Denver formada em balé conseguiu seu primeiro trabalho profissional de dança no Radio City Music Hall. Aos vinte anos, estreou na Broadway. Aos 30, Bishop surpreendeu o mundo do teatro com um papel que ajudou a moldar (literalmente baseado em suas próprias experiências como bailarina) e levou para casa o Tony por sua atuação marcante como Sheila em A Chorus Line. Aos 40, chegou às telonas como a mãe de Baby em Dirty Dancing: Ritmo Quente, um sucesso de bilheteria que se tornou um clássico duradouro.
Depois, aos 55 anos, um roteiro para uma série chamada Gilmore Girls chegou até ela — e mudaria sua carreira. Por sete anos, Bishop interpretou a matriarca rica, inflexível e perspicaz Emily Gilmore. “Todo ano, no fim da temporada, descobríamos se a série seria renovada, e ela era, e depois de novo e de novo”, diz Bishop.

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Em 2014, a série, que originalmente estreou na WB, chegou à Netflix, e de repente um novo público cativo descobriu e se apegou à série. A resposta dos fãs foi tão inegável e claramente incessante que a gigante do streaming se uniu à criadora e showrunner original, Amy Sherman-Palladino, para um revival de quatro episódios em 2016. Já na casa dos 70 anos, Bishop retomou o papel familiar. “Eu simplesmente entendia a Emily tão bem. Foi como voltar para casa”, diz ela.
Tanto Bishop quanto Emily haviam envelhecido desde que a série exibiu seu último episódio no verão de 2007. O arco da personagem também foi incrivelmente pessoal para ela. Emily Gilmore estava aprendendo a viver sem o marido ao mesmo tempo que Bishop via seu próprio cônjuge, o apresentador de talk show Lee Leonard, ficar mais doente enquanto lutava contra o câncer pela oitava vez.

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“Eu estava me preparando para um dia ser viúva. Então lembro de pensar em certo momento: ‘Estou praticando para a vida real ao trabalhar neste papel agora'”, diz Bishop. “Eu amava tanto meu marido, e pouco a pouco ele foi se debilitando por causa desses cânceres. Sabia que um dia seria viúva, e havia um pavor, mas eu simplesmente usei isso. Atores sempre usam as coisas, certo?”
Nos anos desde a morte de Leonard em 2018, Bishop continuou a atuar — e para os fãs de Gilmore Girls, confirmou que reprisaria seu papel na série que elevou sua carreira a novos patamares “num piscar de olhos”.
Em 2024, ela também adicionou “autora” à sua longa lista de títulos profissionais com seu livro de memórias, The Third Gilmore Girl. Bishop, que se define como prolixa, diz que suspeita que quem a encorajou a escrever só queria calá-la. Ainda assim, uniu-se à coautora Lindsay Harrison — Bishop se considera uma contadora de histórias, não uma escritora — para concretizar o livro. A história que ela duvidava que alguém se importaria em ler se tornou um bestseller instantâneo do New York Times.
Bishop ficou agradavelmente surpresa com o sucesso de mais um salto profissional e é grata por tudo que conseguiu realizar desde que mirou o estrelato.

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“Realmente não posso reclamar de como minha vida como atriz e como mulher evoluiu até agora. Sinto-me muito sortuda. Fui inteligente, forte, cuidadosa com meu dinheiro. Sinto-me bastante satisfeita — mas não vou parar.”
Agora octogenária, palavra que Bishop diz adorar, ela está ocupada com eventos que marcam o 50º aniversário de A Chorus Line e o 25º de Gilmore Girls. Ela está curtindo celebrar o trabalho de que tanto se orgulha, mas como sempre, também está de olho no próximo personagem. Imagina um que não seja apenas uma avó doce que aparece numa cena, mas que tenha sua própria história digna de ser contada — uma que ela mesma gostaria de acompanhar.
“Quando assisto televisão, quero ver pessoas mais próximas da minha idade. Não me interesso tanto por trintões se apaixonando. Já passei por isso”, diz Bishop, com uma fala notavelmente similar às tiradas de Emily Gilmore.

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Bishop diz que saberá quando chegar a hora do próximo papel certo assim que o vir, mas se ele não aparecer, ela mesma pode criá-lo. Atualmente, quando não está lendo roteiros, está brincando com sua própria ideia para uma série. É “Golden Girls encontrando Sex and the City“, ela declara. Ela conhece os detalhes: são quatro protagonistas femininas. Sabe suas histórias de fundo, onde morarão (até o endereço em Nova York) e o que as une no piloto. Também sabe como se encaixa nisso — quase tudo.
“Uma das mulheres sou eu. Também gostaria de estar na sala de roteiro, sentada no cantinho. Talvez queira ser uma das produtoras. Não sei bem o que fazem”, diz ela, com um sorriso na voz. “Teria que descobrir.”